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ACRÍLICA SOBRE TELA

UM ROSTO

ACRILICA SOBRE TELA

danielediorio@gmail.com

Pessoa Daniele Diório


Um texto a respeito de um artista, ele ou ela, não deve cair na tentação de se confundir com uma narrativa curricular. Se uma narrativa curricular tem serventia em um concurso público na fase de prova de títulos, ela apenas nubla qualquer elemento de mistério que soa mais pertinente no que diz respeito a um artista.


A modernidade nas artes plásticas derivou de um certo rompimento com a academia, numa mistura de rejeição com desejo.

Os elementos curriculares funcionavam como uma barragem que represava as pessoas autorizadas a fazer arte, separando-as das demais. A arte moderna provocou rachaduras sérias na barragem e houve um intenso transbordamento, que, mesmo
sem ser total, produziu um aspecto radicalmente multipolar na maior parte da pirâmide que sustenta e legitima a arte contemporânea.


E isso tudo não vem de graça, pois se de um lado resta potencializada a capacidade de cada um se autorizar a fazer arte, ocasiona-se algum transtorno, desafio ou mero descaso entre os observadores, aqueles que ainda se interessam por ou tentam se conectar com obras de arte.


A trajetória de Daniele Diório resume-se a isso: um perene trabalho interior, com alguns picos e vales, de se autorizar a fazer arte. Nos últimos dois anos, essa autorização interna foi intensificada e extravasou-se, o que possibilitou que outros, além daqueles que visitam sua casa, pudessem ver o que ela produz. Isso fez também com que esse texto tivesse que ser escrito, com a pretensão de funcionar como apresentação, e talvez tenha cumprido seu propósito se você ainda está aqui. Seu papel
é funcionar como uma breve moldura para uma pessoa de 38 anos, que mora em São Paulo e que decidiu, depois de muitos anos, fazer e mostrar seus quadros.

Daniele Diório

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